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RESUMO DA EXPEDIÇÃO

Imagine percorrer 6 paises em 35 dias, enfrentando frio, calor, chuva, deserto, gelo, fome, ficando dias sem banho e tudo isso encima de uma moto, essa aventura foi protagonizada pelos motociclistas Marcelo dos Santos, Silvio Magno, Thadeu Godo e Alexandre Andrade todos integrantes da Equipe Espírito de Aventura/BR-116.

            A expedição saiu de Guarulhos/SP no dia 1º de dezembro de 2001, às 18 horas do Internacional Shopping de Guarulhos, onde vivem 3 dos participantes, Marcelo, Silvio e Alexandre, Thadeu é de Jundiaí e nos conhecemos porque fazemos parte do Motoclube BR-116, uma entidade que reúne os amantes do esporte sobre duas rodas.

            Na primeira etapa da expedição, a região Sul do Brasil não tivemos qualquer tipo de problemas sendo climáticos, mecânico ou de abastecimento. No primeiro dia partimos de Guarulhos e chegamos a Porto Alegre em uma única tacada, e a partir daí rumamos para a cidade de Chui/RS, dando inicio a expedição no exterior.

            As condições das estradas eram boas e a noite montávamos nossas barracas em postos de combustíveis onde havia mais segurança e alimentação bem assimilada por todos. Em território Uruguaio, que possui rodovias bem pavimentadas e sinalizadas. Os nossos problemas começaram realmente na Argentina. Muito frio e para comer nós tínhamos que comprar alimentos em padarias ou supermercados e cozinhar em uma espiriteira, o motivo principal de cozinhar era porque os produtos prontos nas lanchonetes e restaurantes eram muito caros em razão da crise que o país atravessa. A “ultima fronteira” da América foi atingida: Ushuaia, também conhecida como “Ciudad Del Fin Del Mundo”.

            Percorremos quase 18.000 kms, durante este trajeto tivemos que apelar muitas vezes para transporte de balsas, barcos, o trem da morte na Bolívia onde era impossível trafegar de motos, e caminhões quando acabava o nosso combustível.

            Na Argentina a caminho da Terra do Fogo, tivemos que percorrer mais de 1.500 km de terra e pedras, as famosas estradas de rípios, trecho muito propício a acidentes. Não sofremos acidentes graves, apenas quedas que resultaram em escoriações leves.

            No Chile enfrentamos as condições mais adversas, ventos frontais e laterais, vindo da Patagônia através da Cordilheira dos Andes, com baixas temperaturas. A comida também não agradava, pois toda ela é à base de Abacate, ou “palta” como chamam, servindo junto com arroz e carnes. Feijão nem pensar, os chilenos nem conhecem o cereal. No Peru a alimentação foi difícil, mas a fome nos obrigou a fazer sacrifícios, tivemos noite que não tínhamos o que comer, tínhamos alguns litros de água e caldo knor, o que resultava em uma saborosa, quero dizer, “diferente” SOPA! Hahahahaha...

            Mas o pior aconteceu na Bolívia onde encontrávamos apenas carnes de Lhamas e Guanacos, animais originários do país, onde estas carnes eram preparadas sem qualquer tipo de higiene.

            As maiores dificuldades burocráticas eram nas fronteiras de paises, mas queram resolvidos com muita paciência, Passamos por situações adversas, lutando contra os fortes e gelados ventos glaciais da Patagônia e da Cordilheira dos Andes, a falta de oxigênio causada pelas grandes altitudes na Bolívia, a mudança de temperatura drástica no deserto do Atacama no Chile (40 graus positivos durante o dia e 5 graus negativos à noite) onde a umidade do ar era zero.

            A idéia de realizar essa viagem nasceu do espírito aventureiro do grupo. Durante 2 anos, projetamos essa jornada, estudando percurso, as condições climáticas, o estado das estradas, as possibilidades de abastecimento e pernoite. Foi necessário realizar algumas modificações nas motos, principalmente o aumento da capacidade de combustível para conseguir maior autonomia das motocicletas.

            Criamos um bagageiro dianteiro e usamos 2 alforjes laterais que possibilitavam o transporte dos equipamentos, das roupas e das barracas. Tínhamos ainda um baú que era uma maior proteção para os equipamentos mais preciosos, no corpo da moto adapta compartimentos a base de tubos de PVC para o transporte de ferramentas e peças sobressalentes. Todas as motos estavam munidas de bússolas, termômetros, relógios, acendedor de cigarros para carregar as baterias dos aparelhos celulares, dos rádios comunicadores e laptop. Nas motos ainda tínhamos cordas, machados, picaretas, facas que nos foram muito úteis nos acampamentos e em algumas situações adversas.

            Durante toda a viagem houve um consenso único: CAUTELA. Um único descuido do grupo, poderia levar ao fracasso da expedição, ou ate há um desfecho trágico, dados aos perigos enfrentados a cada quilometro rodado. Entre eu e os meus três parceiros que realizaram essa expedição maravilhosa, a opinião é unânime: Valeu a pena, faríamos tudo novamente. Jamais iremos esquecer a Terra do Fogo (Argentina), onde nessa época do ano, o dia tem 21 horas de sol, e apenas poucas três horas de noite; os Glaciais “o Gelo Eterno”, em Perito Moreno, o Deserto do Atacama (Chile) com as oscilações de temperatura, as moradias de barro e palha feitas no Peru, em Tambo Queimado (Bolívia) a uma altitude de 5.100 metros onde nossas motos não tinham força para rodar e as mesmas tinham que ser reguladas várias vezes na carburação, aumentando ou diminuindo a passagem de oxigênio e de gasolina, e em relação a nós, a maior dificuldade era a de respirar o ar rarefeito.

Enfim, são experiências que jamais sairão de nossas mentes, que servirão para contar para nossos filhos e netos. Posso garantir que não foi apenas mais uma aventura que amadureceu em minha mente e se tornou realidade, mas na verdade, representa uma lição de vida, que me leva junto com meus parceiros a amar cada vez mais o nosso Brasil. “Aqui por mais que sejam as dificuldades, elas podem ser resolvidas com o jeitinho brasileiro. A crise Argentina, os ventos fortes e glaciais, as altitudes andinas, o calor do deserto, a falta de comunicação nos pontos mais distantes da civilização, o frio e a neve, a fome e a falta de banho, não servem de parâmetro com o Brasil. Até o tratamento dos povos com os estrangeiros é diferente, até existe cordialidade, mas a desconfiança e o medo prevalecem”.

Tivemos o nosso retorno para o dia 06 de janeiro de 2002, totalizando 35 dias de expedição, com 20.000km percorridos, devoramos aproximadamente 2000 litros de combustível, gastamos 2 jogos de pneus dianteiros e traseiros, emagrecemos quase 4kg cada um de nós, e por ai vãos, os números dessa expedição são infinitos.

Gostaríamos de agradecer a Montanna, por ter acreditado e confiado em nós, e por fazer tornar possível a realização de um sonho. Abraços de toda Equipe Espírito de Aventura / BR116.

               Marcelo Santos

  
        PUBLICAÇÃO REVISTA DUAS RODAS



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